CURVA DE DISSOCIAÇÃO DE OXI-HEMOGLOBINA
Curva de Dissociação da Oxi-hemoglobina
A curva de dissociação da oxi-hemoglobina, mostra a relação entre a pressão parcial de oxigénio (PaO2) e o percentual de saturação de oxigénio (SaO2). O percentual de saturação pode ser afetado pelo dióxido de carbono, pela concentração de ions hidrogénio, pela temperatura e pelo difosfoglicerato. A ocorrência de um aumento nesses fatores desloca a curva para a direita, de modo
que uma menor quantidade de oxigénio é captada nos pulmões, enquanto uma maior quantidade é libertada nos tecidos, se não houver nenhuma alteração da PaO2. A ocorrência de uma diminuição nesses factores faz com que a curva seja desviada para a esquerda, tornando a ligação entre o oxigénio e a hemoglobina mais forte. Se a PaO2 não for alterada, uma maior quantidade de oxigênio é captada nos pulmões, enquanto uma menor quantidade é libertada nos tecidos.
A forma incomum da curva de dissociação da oxi-hemoglobina é uma vantagem distinta para o paciente por dois motivos:
- Se a PaO2 diminuir de 100 para 80 mmHg, em consequência de doença pulmonar ou doença cardíaca, a hemoglobina do sangue arterial permanece saturada quase ao máximo (94%), e os tecidos não sofrem hipoxia.
- Quando o sangue arterial passa para os capilares teciduais e fica exposto à tensão tecidual de oxigénio (cerca de 40 mmHg), a hemoglobina mobiliza grandes quantidades de oxigénio para uso pelos tecidos.
Com um valor normal da PaO2 (80 a 100 mmHg) e da SaO2 (95 a 98%), existe uma margem de 15% de excesso de oxigénio disponível para os tecidos. Com um nível de hemoglobina normal de 15 mg/dℓ e um nível de PaO2 de 40 mmHg (SaO2 de 75%), existe uma quantidade adequada de oxigénio disponível para os tecidos, porém nenhuma reserva para as alterações fisiológicas que aumentam a demanda de oxigénio tecidual. Se ocorrer um grave incidente (p. ex., broncospasmo, aspiração, hipotensão ou arritmias cardíacas) capaz de reduzir o aporte de oxigénio dos pulmões, esse evento irá resultar em hipoxia tecidual.
Uma importante consideração no transporte de oxigénio é o débito cardíaco, que determina a quantidade de oxigénio disponibilizado para o corpo e que afeta a perfusão pulmonar e tecidual. Quando o débito cardíaco está normal (5 ℓ/min), a quantidade de oxigénio para o organismo por minuto é normal. Em condições normais, apenas 250 mℓ de oxigénio são utilizados por minuto, o que corresponde a aproximadamente 25% do oxigénio disponível. O restante do oxigénio retorna ao lado direito do coração, e a PaO2 do sangue venoso cai de 80 a 100 mmHg para cerca de 40 mmHg.
Entretanto, se o débito cardíaco cair, a quantidade de oxigénio libertada aos tecidos também irá diminuir, podendo ser inadequada para preencher as necessidades do organismo.
Fonte:
(SMELTZER et al., 2014) Brunner & Suddarth, Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica, 12 ed
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