A associação de vasopressina à noradrenalina ocorre principalmente em contextos de choque séptico refratário, quando a noradrenalina isoladamente não é suficiente para manter uma pressão arterial média (PAM) adequada. Eis as principais circunstâncias e racionalidades clínicas:
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🧠 Indicações para adicionar vasopressina à noradrenalina
• Choque séptico com PAM < 65 mmHg, apesar de doses crescentes de noradrenalina.
• Dose de noradrenalina ≥ 0,5 a 1,0 mcg/kg/min: muitos protocolos consideram esse limiar para iniciar vasopressina.
• Evitar efeitos adversos da noradrenalina em altas doses, como isquemia periférica ou down-regulation de receptores adrenérgicos.
• Sinergismo farmacológico: a vasopressina atua em receptores V1a, promovendo vasoconstrição sem depender dos receptores adrenérgicos, o que complementa a ação da noradrenalina B.
• Possível benefício renal: estudos investigam se a introdução precoce de vasopressina (com noradrenalina ≥ 0,25 mcg/kg/min) pode reduzir a necessidade de técnicas de substituição renal nos primeiros dias de UTI.
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💉 Doses típicas
• Noradrenalina: iniciada geralmente entre 0,05–0,1 mcg/kg/min.
• Vasopressina: dose fixa entre 0,01–0,04 unidades/min, sem titulação frequente.
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⚠️ Considerações práticas
• A vasopressina não é titulada como a noradrenalina, o que facilita sua administração mas exige atenção aos efeitos adversos (isquemia esplâncnica, coronariana, plaquetopenia).
• A decisão de qual droga suspender primeiro após estabilização hemodinâmica ainda é controversa. Estudos mostram resultados divergentes quanto à hipotensão após retirada de uma ou outra
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Referencias:
1. Naves, J.M.T.P.M. (2024) – Vasopressin in refractory septic shock: a retrospective analysis• Estudo realizado no Hospital Garcia de Orta (Portugal) com pacientes em choque séptico tratados com noradrenalina ± vasopressina.
• Resultados: vasopressina reduziu as necessidades de noradrenalina em até 54,5% nas primeiras 24h, sem aumento de eventos adversos.
2. Honorato, A.A. & Bittencourt, F.P. (Brasil) – Noradrenalina associada à vasopressina vs noradrenalina isolada no choque séptico: revisão sistemática• Revisão de 12 ensaios clínicos randomizados + 1 meta-análise.
• Conclusão: associação segura, com redução da necessidade de TRS e melhora da perfusão tecidual.
3. Portal Afya (2021) – Choque Séptico Refratário: quando e como utilizar a Vasopressina?• Artigo clínico explicando o racional fisiopatológico da vasopressina como segunda linha após falha da noradrenalina.
• Destaca o papel da vasoplegia, acidose láctica e downregulation dos receptores adrenérgicos.
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